Enfim, brasileiro

Há dezesseis anos ele esperava por isso. Acaba de ser publicado no Diário Oficial da União o decreto de Naturalização Extraordinária de Mizerare Malundama Ndembi, nosso Mize. Ele chegou ao Brasil no dia 9 de março de 2009, vindo do Congo, na África Central. Falava o dialeto de origem e o francês, além de arranhar o português, língua de sua mãe, de Angola. “Eu queria crescer, uma vida melhor. É difícil viver bem na África. Meus amigos foram para a Europa, mas meu padrinho morava em Recife e decidi vir para o Brasil”, conta Mizerare.

Em 2013, foi contratado como auxiliar de serviços gerais no Maya Café. O sotaque carregado e a dificuldade com a língua não foram empecilhos. Sua simpatia e senso de responsabilidade logo conquistaram a todos. Casou-se com uma brasileira, Cláudia, e tiveram uma menina, Giovana - uma graça. Virou ajudante de cozinha - uma mudança de que exigiu amadurecimento, já que em sua cultura homem não chega nem perto do fogão. Foi promovido novamente e hoje é responsável por montar os pratos deliciosos do Maya. Um homem de respeito - e flamenguista. Muitos dizem, brincando, que é mais carioca do que muita gente...

Enquanto tantos brasileiros querem ir embora, Mize acha que aqui há muitas oportunidades para quem é honesto e trabalhador. Só faltava a naturalização - não falta mais. Esteja em casa, Mize. O Brasil é dos brasileiros. Como você.